quinta-feira, outubro 29, 2015

Selecção artificial



Este não será o primeiro (nem o último) filme “minimalista” a não fornecer qualquer tipo de referência de tempo ou espaço aos telespectadores. Nem será propriamente original na forma como nos remete, logo desde os primeiros segundos de película, para o centro de uma espécie de experiência sociológica, onde é possível observar a espécie humana a interagir numa situação limite. No entanto, este “Circle” nunca deixa de surpreender.


Cinquenta pessoas posicionadas em forma circular acordam numa sala escura. Logo nos primeiros minutos são confrontadas com as “regras do jogo”, sendo que a mais importante é aquela que estipula que de dois em dois minutos alguém tem que ser eliminado, que é como quem diz: ser morto, mas cada um dos concorrentes tem esse poder (de voto) de eliminação de outrem (ou de suicídio).

O interesse do “jogo”, ou inclusive do próprio filme, começa justamente com as tentativas de persuasão de cada um e com a troca de argumentos - se por um lado há quem se refugie nos preconceitos, também surge abundantemente as ordenações politicamente correctas, mesmo que por vezes algumas delas venham a ser desmascaradas lá mais para o final. Por uma questão de sobrevivência, tudo é possível. Acho até que por tal razão, este filme acaba por ser mais um interessante “case study” político que uma atípica experiência social.


Os dois realizadores de “Circle” até admitem algumas influências de “12 Angry Men” de 1957, e isso também pode não chegar para o elevar ao estatuto de filme de culto, ao nível de um “Cube” de 1997, por exemplo. Estes também são outros tempos e já não ficará nada mal se ficar catalogado como o melhor “sci-fi com twist” que a Netflix comprou até à data.

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